Ficar colado em Lula garantiu a Haddad lugar no 2º turno, se houver — acho que sim. Mas só terá chance com mais Brasil e menos Curitiba
Os bolsonaristas já falam em vencer no primeiro turno. Ainda estão longe disso. E também é preciso contar com a reação do PT — alguma haverá. Tenho pra mim que os petistas precisam levar algumas coisas em conta:
1: Insistir em questões ligadas a comportamento não leva a lugar nenhum; em muitos aspectos, a população mais pobre é tão moralista como as elites — ou até mais porque costuma viver mais de acordo com os valores que anuncia; é um moralismo honesto, o que não é o caso de alguns notórios hipócritas;
2: críticas de Fernando Haddad aos tucanos ou a Michel Temer — ou ao golpe — são inócuas porque, como se sabe, os bolsonaristas também as fazem, ainda que estejam começando a receber adesões de políticos oriundos do tucanato e de partidos que compõem o Centrão;
3: o Lula que fortaleceu Haddad, levando-o ao segundo turno — em havendo um; acho que haverá — também o enfraquece. Se o PT quer ter alguma chance de vencer as eleições, tem se pensar mais no Brasil e menos em Curitiba;
4: a campanha do PT terá de focar em questões ligadas à economia, opondo as suas propostas às do adversário e convencer os mais pobres de que o candidato do partido é a melhor resposta;
5: o petista vai ter de se concentrar no voto dos mais pobres: tem 28% dos que ganham até dois mínimos, e Bolsonaro, 21%. Nessa faixa, o nome do PSL é rejeitado por 54%, e o do PT, por apenas 22%. Já entre os que ganham entre dois a cinco, a rejeição ao petista cresceu de 37% para 48%, e a do adversário se manteve em 41%.
5: Haddad terá de ganhar a personalidade de um candidato. Não pode ser a voz presente de um ausente na disputa. Isso tirou do segundo turno Geraldo Alckmin e Ciro Gomes. Mas não vai dar a vitória. Começou a contar contra ele.
E Bolsonaro? Tem de fazer o quê? O que vem fazendo: ele é o anti-PT. E isso tem valido por uma plataforma de governo.