Minha despedida da RedeTV! e a canalhice dos desocupados. Como será olhar-se no espelho sem ter vergonha na cara?
É espantoso!
Despedi-me ontem da RedeTV! e fiz um agradecimento aos meus colegas de estúdio, Amanda Klein e Boris Casoy; ao superintendente de jornalismo, Franz Vacek, à redação; à direção da empresa, à moçada da técnica.
Não briguei com ninguém.
Quando Boris saudava a nossa convivência, caiu o meu retorno. Fiquei sem conexão com a redação. E demos a transmissão por encerrada. Mas permaneci no ar por mais alguns segundos. Enquanto Boris me dirigia algumas palavras gentis, generosas, fiquei sabendo minutos depois, eu estava me levantando, retirando o microfone.
A produção me avisou e, imediatamente, enviei uma mensagem a ele.
Escrevi às 19h55, cinco minutos depois de ter ido ao ar:
"Caro, caiu o meu retorno enquanto vc falava. E me avisaram que tinha caído a conexão. Então me levantei. Na era da fofoca, a gente tem de explicar tudo. Um abraço e obrigado por tudo".
A versão que saiu por aí, em páginas que não se distinguem de esgoto, é que eu teria sido hostil a Boris, ignorando as suas palavras. Um gesto para retirar o microfone, posto por dentro da camisa, foi interpretado como um gesto obsceno.
É estupefaciente que eu me veja na contingência de desmentir algo assim.
Ainda que Boris fosse meu inimigo — O QUE É MENTIRA ABSOLUTA! —, eu jamais faria isso em respeito aos telespectadores, a meus colegas e à empresa na qual fiquei por três anos.
Essa gente pode não acreditar. Mas é possível ser digno mesmo em dias um tanto sombrios.
Erro
E, sim, cometi um erro no meu último comentário: chamei o general Hamílton Mourão, vice-presidente e figura mais lúcida do governo, de "Augusto Mourão". Vivo fazendo isso. "Augusto" é outro general, o Heleno, chefe do GSI. Sei: há um monte de generais, e a gente acaba se confundindo, hehehe. Compõem a parte iluminista desse governo.
Obscena, isto sim, é essa gente que vive de caçar cliques dos pobres-coitados que lhe dão audiência.
Tenham um mínimo de decência e retirem do ar a mentira grotesca. Peçam desculpas a mim, a Boris e às suas vítimas: os leitores.
O erro que de fato cometi não foi percebido porque são imbecis demais para saber a diferença entre o certo e o errado.