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Reinaldo Azevedo

PREVIDÊNCIA 5: O “Apoio Consistente” e o “Apoio Condicionado” da Carminha. E um certo Vitor Hugo na terra dos velhinhos miseráveis

Reinaldo Azevedo

06/02/2019 07h49

Mensagem da "Carminha", em nome de Vitor Hugo, que inventa dois blocos na Câmara: o do "Apoio Consistente" e o do "Apoio Condicionado"

E as coisas se complicam quando existe um líder do governo na Câmara — e não é culpa dele, convenham — que não tem noção do que faz lá. Ninguém o conhece, e ele não conhece ninguém. O deputado Major Vítor Hugo (PSL-GO), escolhido pelo Planalto para a função, marcou uma reunião de líderes para debater a reforma da Previdência. Na mensagem chamando os parlamentares, está escrita esta preciosidade: "Líder do governo convida os líderes do Apoio Consistente e Apoio Condicionado para reunião de 5/2, horário 16h. Local? Liderança do Governo. Anexo 2 Sala 107. Por favor dá um ok nas mensagens recebidas. Obrigada Carminha". Os próprios deputados do PSL não reconhecem nele condições para exercer a função. Nunca ninguém ouviu falar nestes partidos ou blocos: "Apoio Consistente" e "Apoio Condicionado". Trata-se de uma linguagem informal para designar parlamentares realmente convictos de uma proposta e aqueles que precisam ser convencidos. Vazada a coisa desse modo, parece que os do "Apoio Condicionado" estão cobrando benesses. O desastre da língua portuguesa não é menor. Resultado: apareceram apenas os líderes de PPS, Novo, PSC, DC, Solidariedade, PTC e Patriota. Representam um formidável batalhão de 45 parlamentares — emenda constitucional precisa de 308 votos. E, por óbvio, as presenças não indicam que os 45 representados votariam a favor do texto. E nesse caso, faça-se justiça: não foi Lorenzoni quem escolheu o major, mas o general Santos Cruz, Ministro da Secretaria de Governo.

Ah, quase me esqueço: depois das dificuldades na Câmara, o texto segue para o Senado, que vai demorar muito tempo para se levantar da depredação institucional que Lorenzoni praticou por lá na sexta e no sábado passados. Ou se arruma essa bagunça, ou a coisa não anda. Os únicos hoje a acreditar em R$ 1,3 trilhão de economia em dez anos são os tais mercados. Bem, alguém tem de ganhar dinheiro, certo? Não seriam os velhinhos miseráveis, cujos benefícios seriam cortados. Arrume "isso daí", Bolsonaro!

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.