Resposta ao MPF 1: Nota que contesta minha coluna é analfabeta em sentido político, mas não apenas: o analfabetismo é também literal
Escrevi em minha coluna coluna na Folha desta sexta-feira que Jair Bolsonaro é o candidato da Lava Jato. Ou, mais amplamente, dos Torquemadas do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e de setores do Judiciário. Qual é a tese ensandecida que está na origem dessa estupidez? Os valentes estão convencidos de que o sistema político brasileiro está apodrecido; de que, nos marcos do respeito às instituições e às regras da democracia vigente, o país "não muda" — não do modo como eles querem; de que é preciso haver um choque no sistema para recomeçar do zero. Trata-se, obviamente, de um delírio totalitário, o que é costumeiro por lá. Afirmei também que tive acesso a conversas no WhatsApp que são assombrosas. Veio a público uma nota analfabeta, em sentido político e literal, contestando a coluna, atacando o autor e, o que é motivo para gargalhadas e escárnio, desafiando-me a exibir as tais conversas. Então vamos ver.
De saída, observo que a nota fala em nome da Lava Jato, mas é assinada pelo "Ministério Público no Paraná", o que faz supor, de saída, que o "Ministério Público Federal no Paraná" virou sinônimo da Força-Tarefa. É isso mesmo? Todas as atribuições constitucionais do MPF no Estado foram reduzidas ao trabalho de investigação levado adiante pela operação? Nada mais se faz por lá?
A nota — que este blog publicou no começo da noite de ontem, da forma como veio, com todos os erros — é só uma contestação malcriada à minha coluna. Escrevi uma análise política em que setores do MPF, da PF e do Judiciário, com efeito, não são tratados como heróis da democracia. Ao contrário: eu os acuso — e em toda parte, não é de hoje — de responsáveis pelo desastre em curso na política brasileira, pelo reducionismo do debate, pela radicalização protagonizada por estúpidos das mais variadas tendências ideológicas, pelo risco de o país cair vítima do populismo mais asqueroso. Não esperava, obviamente, que eles gostassem do que leram.
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