Sem o PT e disputando o PSB com petistas, Ciro tem de buscar tempo no horário eleitoral voltando-se para a sua direita. Ou naufraga
Ciro Gomes, do PDT, lançou-se falando uma linguagem inequivocamente de esquerda. Num primeiro momento, ainda que um tanto desconfiado de que não daria certo — afinal, conhece a natureza do PT —, testou a possibilidade de contar com o apoio da legenda. A esta altura, não mais. Pode até ser a opção dos companheiros num eventual segundo turno. Mas sabe que terá, no primeiro, de buscar outras alianças. À esquerda, tenta se entender com o PSB. E, nesse caso, disputa influência justamente com os petistas. Da cadeia, Lula tenta impedir que o pedetista consiga o apoio daqueles que seriam potenciais aliados do seu partido em circunstâncias normais.
As dificuldades que os petistas criam para Ciro Gomes formalizar alianças levam o candidato do PDT a se voltar para a sua direita, flertando com as legendas do chamado "centrão". As atenções se voltam para o DEM, PP, PRB e também o PR, hoje sob a influência de Jair Bolsonaro. A dificuldade está no ajuste da agenda. O pedetista já demonstrou sua desafeição pela reforma trabalhista, por exemplo, aprovada majoritariamente por essas legendas. Do ponto de vista ideológico, os integrantes desses partidos estão mais próximos do tucano Geraldo Alckmin. Ocorre que, até agora, o pré-candidato do PSDB não conseguiu romper a barreira de um dígito. E há diversas lideranças que apostam que isso não vai acontecer. Sem alianças, Ciro teria um tempo diminuto no rádio e na televisão: 33 segundos em cada bloco. A propaganda começa a ser veiculada no dia 31 de agosto. Serão apenas 45 dias. Com o dinheiro curto em razão da proibição da doação de empresas a campanhas, esse fator pode fazer uma imensa diferença.