Texto do Ministério da Saúde dá aval à volta do eletrochoque como terapia
Documento do Ministério da Saúde publicado esta semana dá sinal verde para a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia (os eletrochoques) para o Sistema Único de Saúde (SUS) e reforça a possibilidade da internação de crianças em hospitais psiquiátricos. O texto ainda prega a abstinência para o tratamento de dependentes de drogas.
Com 32 páginas, o texto sobre as mudanças na Política de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da pasta tira ainda o protagonismo da redução de danos, adotada há pelo menos 30 anos no País. A estratégia prevê o cuidado geral do dependente químico e tem como principal objetivo a melhora de seu estado.
Ao Estado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse não conhecer o documento. E ao ouvir os temas abordados, emendou: "Sem dúvida (as medidas) são polêmicas."
"Trata-se de retrocesso sem precedentes e uma amostra da preferência por intervenções autoritárias nessa área", afirma Andrea Gallassi, professora da Universidade de Brasília (UnB). "No documento, a abstinência passa a ser o ponto central. E a redução de danos aparece camuflada." Embora apontada como recurso para tratamento de pacientes com depressão grave, a eletroconvulsoterapia no passado foi associada a torturas em pacientes e abusos cometidos por profissionais de hospitais psiquiátricos. (…)
Por Lígia Formenti, no Estadão.